Além dos altos índices de violência a que os trabalhadores da área de segurança estão submetidos, há outro problema que, apesar de menos evidente, é muito recorrente neste grupo: a perda auditiva provocada pela exposição frequente aos disparos com armas de fogo. Estudos de diferentes países sobre o perfil auditivo em militares e policiais demonstram um elevado índice de perda auditiva nestes segmentos da população.
A prática de tiro, comum na carreira militar e policial, é uma atividade que expõe o profissional ao ruído de impacto, o que pode causar efeitos irreversíveis na audição.
Enquanto que o nível de ruído emitido pelas armas de fogo varia de 115 a 147 decibéis, o barulho de uma turbina de avião alcança aproximadamente 130 decibéis. Quando o ouvido humano é exposto a ruído de impacto, a uma intensidade sonora da ordem de 120 decibéis ou superior, há o risco do trauma acústico. O impacto sonoro pode produzir lesões intensas nos ouvidos como ruptura da membrana basilar e desorganização dos tecidos e células ciliadas, de maneira abrupta.
Mesmo assim, a perda auditiva ainda não preocupa muitos desses profissionais e o resultado da negligência com a saúde auditiva pode ser percebido imediatamente – se houver trauma acústico – ou ao longo do tempo, com a perda da capacidade de ouvir. Clinicamente, uma das consequências pode ser a perda auditiva neurossensorial imediata e permanente, uni ou bilateral, com presença de zumbido.
Os policiais e militares das Forças Armadas, dependendo da atividade que desenvolvem ao longo da carreira, podem ficar expostos tanto ao ruído contínuo e/ou intermitente, causado, por exemplo, por rádio comunicador e sirene de viaturas, como ao ruído de impacto das armas de fogo, o que os deixam suscetíveis a desenvolver Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) – causada por exposição continuada a sons acima de 80 decibéis. Entre as queixas mais frequentes desses profissionais estão zumbido, dor de cabeça, irritação e dificuldade de ouvir.
Para quem vive em ambientes barulhentos ou, no caso de policiais, estão expostos a fortes ruídos que podem causar trauma acústico – principalmente durante os treinamentos de tiro – é recomendável o uso frequente de protetores auriculares, que eliminam o excesso de ruído, além da realização de monitoramento periódico da audição.
Fonte: Portal Deficiência Auditiva